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Campanha em Erebor – Cena 4 – Vir

04/07/2013

Cena Anterior: Campanha em Erebor – Cena 3  – Rowenna

Meu nome é Vir. Sou filho de Vir, neto de Vir, e aposto um brinco de ouro que meus antepassados há pelo menos dez gerações podem dizer o mesmo.

Moro em Valle desde que o lagarto escamoso tombou. Nessa data meu pai fora um dos poucos que se postaram ao lado de Bard para desafiar a besta. E a partir desse dia nossa família fora alçada à categoria de nobreza aqui do outro lado da Grande Estrada. E então eu, minha mãe e meus tios percorremos a Estrada em direção ao distante Oeste.
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Vendemos nossas propriedades em Arishap, e levamos conosco tudo o que poderia ser carregado em duas carroças. Incenso, seda, canela, mirra, perfumes… A travessia fora lenta e penosa, e infelizmente minha mãe não resistiu à viagem. Meu pai viu suas terras serem transformadas em mercadorias que nos deixariam ricos nos próximos anos, mas nossa nova casa já nascera triste sem a alegria e a cantoria da minha mãe para nos alegrar.

O tempo passou e nossa família prosperou. Nossos primos trazem as mercadorias para nós aqui no Oeste, nós as vendemos para os anões, humanos e elfos, e pagamos nossos parentes com ligas e armas anãs, arcos e mobília élfica e algodão e instrumentos de Valle.

Tudo ia bem até o inverno passado, quando a sombra adormecida no coração de viúvo de meu pai acordou. Agora eu sou o último Vir que anda pela terra, e enquanto eu tiver forças lutarei para que a justiça seja feita. Matador de dragões ou não, Bard tornou-se um tirano. Minha família perdeu tudo o que tínhamos pela loucura do rei de Valle, que precisara se apossar de nossas riquezas para cobrir as despesas de um reino administrado por um arqueiro senil. Esgaroth florescia com seu conselho mercantil, mas Valle titubeava nos passos incertos de um homem velho demais para governar.

A morte de meu pai e o debate com Bard me condenou ao ostracismo, e há alguns dias começara a residir na Hospedaria/Taverna do Quebra-Queixo. O lugar era frequentado pelos viajantes mais pobres, mas o dono era honesto e já faziam mais de cinco noites que nenhuma briga acontecia.

Fora nesse estranho estabelecimento que conheci o pequeno Falco, um hobbit. Eu já havia ouvido falar de Bilbo Bolseiro, mas os homens mas baixos do Leste, a quem chamamos de pigmeus, são altos em relação a esse povo. Bram, o taverneiro, me apresentou o cozinheiro do Condado, e conversamos até quase o sol se pôr, atraindo olhares de todos para a estranha dupla.

Mas quando o crepúsculo já estava estabelecido, outros atraíram o olhar dos curiosos. Dois homens completamente vestidos de negro entraram no Quebra-Queixo. Um deles vestia um casaco de pele lustrosa da cor da noite, e o outro uma túnica que por sua finura revelava a presença de armas espalhadas pelo corpo. As botas de viagem – também negras – estavam gastas, mas limpas. Os homens vieram de cavalo ou carroça.

Uma sensação estranha tomou conta do lugar, como se o ambiente estivesse esfriado subitamente. Quando me dirigi à Falco para comentar isso com ele, vi que a cadeira a minha frente estava vazia. Desconfiei que o desaparecimento dele após a chegada dos estranhos não fora coincidência.
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Os homens se mostraram rudes com Bram, e logo percebi que havia uma chance grande do recorde de cinco dias ser quebrado. Resolvi sair para não me envolver.

Senti o olhar do mongol gigante (o da túnica) perfurando minha nuca enquanto pagava a conta e me retirei. Não, eu já tinha problemas demais.

Andando em direção ao cais para achar meu primo encontrei, ou melhor, fui encontrado por Falco. O pequeno cozinheiro parecia perturbado.

– Me senti incomodado com aqueles dois. Achei melhor sair antes de descobrir o porque do incômodo.
– Fez bem! Pensei o mesmo e saí também – retruquei.

Andamos até o cais fluvial da cidade, e lá encontramos meu primo Mansoor, que trazia minhas mercadorias que agora não teriam mais como ser pagas. Consegui negociar um pagamento tardio, e após acertar a taxa de juros me dirigi à Erebor. Qhorin, meu melhor cliente teria que pagar dobrado por essa mercadoria, mas eu sabia que o velho anão não pouparia ouro. Os pigmentos e os bálsamos que eu o vendia garantiam a singularidade de seus fantásticos brinquedos.

Por falar nele, o coitado estava cada vez mais desesperado com a ausência do filho, e mais de uma vez vi seus olhos avermelharem enquanto tomávamos cerveja e o anão me falava de Ágrapo. Eram os mesmos olhos que meu pai tinha quando falava de minha mãe.

Mas dessa vez fiz questão que Falco me acompanhasse. O hobbit queria conhecer Erebor também, e sua conversa alegre faria bem ao meu amigo e cliente.

E, claro, o deixaria mais maleável a pagar a alta da mercadoria sem reclamar.

Chegamos à Rua da Porca e Parafuso com o hobbit estranhamente mudo ao meu lado. Sua boca permanecera fechada durante todo o trajeto, mas seus olhos refletiam a beleza dos salões dos anões. Eu não conhecia povo mais talentoso que os barbudos para moldar seus lares, e os olhos de Falco concordavam comigo.
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Batemos à porta de Qhorin, e ela foi aberta tão rápido que levamos um susto quando o anão se projetou para fora. Ele nos avistara chegando, e a presença do hobbit causara o alvoroço do artesão.

– Por Mahal, um hobbit? Entrem, entrem! Que prazer em vê-los!
– A mercadoria…
– Deixe-a no lugar de sempre meu amigo. O pagamento já está separado.
– Infelizmente houve um acréscimo em razão da alta na produção. Terei que cobrar quase o dobro pelos produtos. É o mínimo aceitá…
– Bigorna rachada Vir! Pegue o dobro então e junte-se à nós na cozinha. Quero ouvir o que o Hobbit tem a dizer!

É claro! O filho de Qhorin foi à terra dos hobbits antes de sumir! Por isso o alvoroço todo do artesão. Perdi a chance de ganhar o triplo na mercadoria, diacho!

Juntei-me aos dois na cozinha, e a agitação do anão era evidente.
Finalmente o pai teria notícias de seu filho.

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7 Comentários leave one →
  1. m4lk1e permalink
    05/07/2013 00:46

    Cada vez mais interessante…

  2. 05/07/2013 12:00

    WOW!!!!!

    Ficou show!!! Essa campanha prometendo cada vez mais!!!

  3. 22/07/2013 14:40

    Agora já começa aquela ansiedade pelo próximo relato, que parece ser o do hobbit, pois pouco foi falado dele.

  4. gerbur12 permalink
    23/07/2013 16:25

    “Vir, filho de Vir, da Casa de Vir” uhauhauha, muito bom.

    Caras, essa é a primeira aventura que eu vejo que temos como herói, um oriental! Os povos do leste são sempre retratados como inimigos pelo Tolkien, será bacana ver o que esse oriental renegado (2 vezes, 1 pelo Leste e outra por Valle) fará e como ele agirá durante toda a Crônica.

    Por enquanto, só tenho a dizer que o mestre Vinícius (que o interpreta) está se superando com esse personagem! Muito bacana sua evolução enquanto jogador.

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