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Campanha em Erebor – Cena 21 – Rowenna, flor solitária

05/12/2014

Cena anterior: Cena 20 – Qhorin, O retorno para casa

As estrelas brilhavam sobre mim.

Eu havia seguido Qhorin e Agrapo por todo o caminho até Erebor, mas quando estes adentraram os portões de seus antepassados, eu sabia que os deixava a salvo. Em boas mãos.

Neste momento eu meditava em um promontório na encosta da Montanha, há centenas e centenas de metros de altura. O clima ali era suficiente para transformar a pouca vida que permeava as fendas das rochas. Os pequenos lagartos tão presentes na base da Montanha Solitária já não se encontravam mais nestas paragens, e a vegetação era ainda mais rara.

No entanto, enquanto subia aquela encosta irregular me deparei com uma aymanë, flor-real em westron. Essa espécie, muito rara, já fora abundante na montanha Meneltarma em Númenor, agora encoberta pelas águas de Ulmo.  A cor viva e a delicadeza de uma aymanë já inspiraram dezenas de artífices e poetas, que tentaram reproduzir sua beleza em suas obras. Eu não era nem um nem outro, mas não pude deixar de sorrir e sentir meu coração mais leve com aquela companhia, tão isolada do mundo.

lotus flower

Sentei-me ao seu lado, e ambas as criaturas solitárias permaneceram em paz, com a estranha companhia uma da outra. Fechei meus olhos e entrei no estado profundo de meditação, tentando alcançar meu mestre. Desde que o amuleto de Rhosgobel havia caído em Dol Guldur, uma sombra pesava em meu coração, e eu não recebera nenhuma mensagem do Castanho.

Urso, Águia, Valente e Parreira, as constelações brilhavam intensamente naquela altura do mundo, mas elas nada me diziam. Nada.

Abri meus olhos da mente, e ao invés de olhar para cima, olhei para o mundo à minha volta. A Montanha emanava um brilho laranja, da cor do fogo da forja dos anões. Ali, Casári (anões) e Erebor eram um só.

O rio corria em direção ao sul passando pela brilhante cidade de Valle, repleta de povos e problemas. Um caldeirão de pessoas que recebia as faíscas laranja da Montanha, refratando brilhos multicoloridos.

No entanto não foi Valle que chamou minha atenção, mas uma sombra que pairava ao sul desta. O rio desaguava em um grande lago, aquele que os homens chamavam de Lago Comprido. Esgaroth emitia fiapos de energia negra, como se diversos pontos da cidade estivessem acometidos pela Sombra.

Eu não precisava das palavras de meu mestre para saber o que eu deveria fazer.

Já era noite novamente quando a barca que eu contratei atracava na Cidade do Lago. Se Erebor era o lugar das rochas, Esgaroth era o lugar da madeira. Tudo ali cheirava resina e peixe. Mesmo durante a noite as barcas com mercadoria chegavam, embora eu desconfiasse que muitos ali eram contrabandistas.

Desci no porto com pressa de esticar minhas pernas, e fui caminhando na cidade à procura de uma estalagem. Esgaroth, com exceção das docas, estava estranhamente vazia e silenciosa. As ruas apertadas pareciam longos corredores desertos que margeavam as inclinadas construções de madeira dos homens.

Caminhando eu observava com atenção os arredores a procura de algum indicativo de onde guardas, bandidos e amantes poderiam estar. Aproximando-me do centro da cidade, finalmente vi umas figuras ao longe, caminhando e conversando. Quando ouvi suas palavras, tomei um susto! Aqueles falavam em língua negra!

Que desgraça havia caído naquela cidade dos homens?!

Meu coração bateu mais rápido enquanto eu apressava meus passos para as sombras da noite, longe do caminho desses seres da escuridão. Os caminhantes carregavam uma lâmpada e um incensário gigante que exalava uma fumaça estranha. Quando eles cruzaram meu caminho (sem me ver, felizmente), reparei que, na verdade, eles entoavam uma espécie de cantiga, repetida em padrões semelhantes.

Acólitos de Dol Guldur?

Segui-os lentamente, procurando descobrir mais sobre esse mistério macabro. O que estes necromantes poderiam estar querendo em Esgaroth? Enfeitiçar espinhas de peixes?

Segui-os com toda minha habilidade pelas vielas da Cidade do Lago, até que eles cruzaram com mais outros, em um aparente ponto de encontro. Oito acólitos agora entoavam o canto macabro, cujas palavras eu entendia pouca coisa. Dos povos livres, somente Saruman saberia entender o que era dito ali, embora o tom e a sonoridade já eram suficientes para dizer muito coisa.

As sombras se espalhavam por Esgaroth, e eram eles as fontes de energia negra que avistei em minha meditação.

Eles se separaram por oito direções diferentes, e resolvi ser mais efetiva na investigação. Saquei meu arco e mirei bem. Eu precisava de respostas.

Por sorte minhas pernas estavam mais treinadas que minhas habilidades no arco! Após perseguir o ferido acólito por mais tempo do que gostaria, eu apenas consegui agarrar seu colar antes dele pular no lago e chamar atenção de metade dos guardas que rondavam as águas.

Eu não queria dar explicações, então me contentei com o que conseguira. Aquele colar já era uma pista interessante, e agora eu sabia o que eles faziam e onde se encontravam.

Eu precisaria de reforços dos meus amigos, mas o primeiro passo na solução desse mistério já havia sido dado. Torço para que ainda tenhamos tempo.

O que esse símbolo poderia significar?

O que esse símbolo poderia significar?

Próxima cena: Cena 22 – Berion, Embaixados dos Galadhrim

3 Comentários leave one →
  1. Fernando Leal Reis permalink
    17/12/2014 02:19

    Estariam eles conjurando o poderoso dragão que jaz no fundo do lago?
    Impossível!

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